Mergulhei no profundo oceano dos teus olhos, extenso breu, deparei-me com um belo par de pérolas negras,
banhadas por brilho, rodeadas pelas areias claras do teu rosto, estas, revestidas por camadas de pequenas sardas,
deslizo por tua face, vagarosamente, tateando pacientemente as linhas quadriculadas, ornamentadas por algas onduladas,
teus fios pretos, que tanto exacerbam a tua morenitude, majestosamente, completam e definem a tua superfície.
O desbravador de mares, viaja a vida por amor, iça as velas,
atravessa o grande mar sereno, o longínquo céu azul é contemplado,
as boas correntes sempre se encarregam de mostrar-lhe o moroso caminho,
o destino é uma ilha inexplorada para ancorar, descobrir maravilhas.
Os raios de sol beijam os pés, inundados na transparência líquida,
nossas mãos pregadas balanceiam vagarosamente, conexão da alma,
olhares perdem-se em tanta beleza, especialmente sua, tão minha,
areia dura, represa límpida, troncos tortuosos, repleta natureza.
Quando serás minha? Se já és. Quando dividirás o ar? Se já o respiras sem fôlego. Quando enlouquecerás?
Se já não achas o juízo. Quando serás paixão? Se já queimas em brasa. Quando beijarás com sede essa boca?
Se todo o sal da língua já secaste. Quando serás o véu da cama? Se já te deitastes em pensamentos inquietos.
Quando olharás em meus olhos? Se já não olham a mais ninguém. Quando será minha ilha? Se já és terra, mar e fauna.