Moça bonita, aprecie minha incapacidade de decifrar as linhas, vejo-a desamarrar-se,
soltar a corda, aliviar as pedras das costas, distraindo-se com o abandono do juízo,
rindo de ninguém, sorrindo para si, dando voz a qualquer música, flertando com a vida,
sabe sofrer, nem parece aquela menina, chorosa, lágrimas de um passado, salgado.
Há sempre uma contemplação divina,
nos talentos herdados de nascença,
poesia cantada, pintura focada,
não importa, glória santificada.
Teus olhos me veem, tentam enxergar, a forma, o jeito, aspecto deslumbrativo, fascínio,
pintura restaurada, tantos pincéis foram quebrados, borrando arte precária, mal acabada,
mesmo assim, as cores dilataram suas pupilas, tela líquida em parede neutra, paixão novena,
veja, combinas com a mobília, decoras o interior, despejas cor em cinza frio, desejos, calafrios.